Quando falamos em bolhas ideológicas estamos nos referindo metaforicamente às comunidades online onde indivíduos se retroalimentam de ideias. São espaços virtuais com pouca abertura para o contraditório.
Nem sempre elas se dão de forma orgânica, podendo surgir a partir de manipulações nos algoritmos, como demonstra o documentário O Dilema das Redes (The Social Dilemma, 2020) disponível na Netflix.
No mundo empresarial, as bolhas ideológicas também são um grande problema. Elas frequentemente enredam marcas, executivos, produtos e serviços em polêmicas, boatos e fake news. Por isso, as áreas de Relações Públicas, Comunicação e Marketing devem entender do tema e incluí-lo em suas estratégias de gestão de reputação e gerenciamento de crises.
Neste artigo, além de entender em profundidade o que são as bolhas ideológicas, você vai ter dicas para lidar com elas — especialmente em ano de eleições. Acompanhe!
Também chamadas de bolhas de informação, as bolhas ideológicas a que nos referimos aqui surgiram online. Elas reúnem indivíduos em comunidades com entendimentos e ideias compartilhados, sem muito espaço para visões divergentes.
A metáfora da “bolha” sintetiza o entendimento de que as pessoas tendem a se isolar de possíveis críticas aos seus princípios e posições. Com isso, ganham a sensação de segurança e auto satisfação; por outro lado, podem perder o aprendizado do debate saudável.
Em linhas gerais, podemos destacar quatro tipos comuns de bolhas ideológicas:
"O fenômeno das bolhas é especialmente sensível às empresas que têm compromissos relacionados ao ESG, ou atuam num setor mais propenso ao surgimento de crises. Ou, ainda, às que possuem um posicionamento focado em temas como diversidade e inclusão", pondera Claudio Bruno, Innovation & Offering Evangelist Director da Cortex.
Na prática, o que o executivo está dizendo é que as companhias que entendem o poder do valor reputacional de suas marcas precisam ficar atentas a como são vistas e mencionadas nas bolhas. Sejam elas quais forem: de ativismo, entretenimento, debates políticos, entre outras.
Uma vez que as pautas são levantadas e reverberadas muito rapidamente na web, um mal entendido qualquer pode causar grande dano. Da mesma forma, um erro pode se transformar em algo “imperdoável” quando determinadas bolhas direcionam seus posts e hashtags para uma marca — que pode demorar bastante tempo para recuperar sua credibilidade.
Em 2022, os brasileiros vão às urnas para escolher governadores, deputados, senadores e presidente da república. É visível que há uma grande polarização em nossa sociedade, em partes estimulada pelos principais atores da política nacional, em partes por conta das bolhas ideológicas.
Instituições e organizações já se preparam para um período eleitoral bastante hostil, inclusive com vasta atenção internacional.
Como as empresas devem lidar com esse clima? Onde a polarização ideológica pode respingar sobre elas? Como Comunicação, Relações Públicas e Marketing podem lidar com esse dilema?
São perguntas de um milhão de dólares, mas que devem conduzir a reflexões e ações. Afinal, a opinião pública em efervescência pode arrastar as marcas para polêmicas com potencial de gerar boicotes, detrações, fake news, enfim, ranhuras na reputação.
Algumas respostas já podem ser dadas, e essas são as mais emergenciais:
As bolhas ideológicas são uma realidade do nosso tempo. Elas precisam ser entendidas e monitoradas, pelas autoridades mas também pelas organizações que estão sob contínua influência da opinião pública.
Aos times de Comunicação, Relações Públicas e Marketing, o melhor conselho é investir em tecnologia e capacidade analítica. Dessa forma, conseguem acompanhar as pautas em alta, antever possíveis crises de imagem e até encontrar oportunidades de diálogo com os públicos de interesse.
Em outras palavras, é preciso se cercar de ferramentas inovadoras e desenvolver habilidades de análise que facilitem a interpretação das discussões coletivas e ações em tempo hábil. Afinal, se ninguém pode acabar com as bolhas ideológicas, farão a diferença as marcas que souberem lidar da melhor maneira possível com elas.
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