Muitos analistas afirmam que no mercado B2B o percentual “aceitável” de Churn de clientes é de até 15% anualmente. No entanto, isso não pode ser uma verdade absoluta para todas as empresas.
Essa variável depende bastante da natureza do negócio e do ecossistema em que ele está inserido. Seja como for, nenhuma organização quer ter um Churn alto.
Isso porque perder contas já conquistadas significa mais do que ter prejuízos financeiros. Em muitos casos, pode ser um sinal claro do avanço da concorrência; em outros, indica insatisfação do comprador com a experiência.
Agora, você sabe como fazer o cálculo exato do Churn de clientes? Por que essa equação deve ser levada a sério e acompanhada regularmente? Qual é a taxa ideal de cancelamento para o seu negócio?
Essas são as perguntas que buscamos responder ao longo deste artigo. Continue lendo para ver:
Churn de clientes é uma medida do número de contas que deixam de comprar, seja cancelando contrato ou não renovando. Em alguns casos, simplesmente parando de fazer pedidos, o que, de imediato, representa uma perda de receita.
Normalmente, a taxa de Churn de clientes é analisada tendo um período de referência. Pode ser mensal, trimestral ou anual — inclusive, no mercado B2B, é indicado analisar regularmente esses períodos.
Mudanças no Churn de clientes podem fornecer informações valiosas sobre uma organização. Por exemplo, indicar a resposta aos produtos e serviços, bem como fornecer indícios sobre a satisfação do cliente e até sobre o desempenho da concorrência.
Como tal, a taxa de Churn de clientes é uma importante métrica de negócios. Ela serve, por exemplo, como parâmetro para identificar o lifetime value médio de uma conta — o impacto financeiro total que ela dedica durante toda sua jornada de compra —, entre outros KPIs.
A equação para calcular a taxa de Churn de clientes é relativamente simples.
A complexidade está mesmo em conseguir os dados atualizados sobre as contas perdidas. Por isso, é importante contar com ferramentas de inteligência de vendas, ERP e CRM, entre outras, para manter tudo registrado e obter relatórios gerenciais confiáveis e em tempo hábil.
Além disso, antes mesmo de levantar as informações, é preciso definir o que é considerado um cliente perdido — alguém que cancelou formalmente um contrato ou que deixou de comprar neste mês?
Com essas circunstâncias sob controle, pode-se partir para o cálculo: basicamente, depois de escolher um período de tempo para focar (por exemplo, mensalmente), você pode calcular a taxa dividindo o número de clientes que deixaram de comprar pelo volume de contas ativas no período.
A fórmula é essa:
Outro ponto de atenção: o Churn de clientes deve ser comparado com a receita apurada no período analisado. Se, mesmo com um índice considerável de clientes cancelados, a base remanescente gerar um faturamento melhor com renovações de contratos ou compras de upgrading, por exemplo, o desempenho comercial geral do negócio pode ser visto de forma positiva.
Em outras palavras, o Churn de clientes é um indicador que merece atenção, mas se analisado separadamente, pode não representar o panorama do negócio fielmente.
Principalmente em empresas que fornecem serviços por assinatura, como Software as a Service (SaaS), é comum que os conceitos de Churn e MRR Churn sejam bastante usados.
Mas, atenção: eles não são sinônimos!
Conforme já adiantamos, o Churn refere-se à taxa de compradores que cancelam ou não renovam o serviço ou produto em um determinado período. Ele indica perda de clientes e pode ser expresso em termos de porcentagem ou número absoluto.
Por outro lado, MRR Churn (Monthly Recurring Revenue Churn) foca especificamente na perda de receita recorrente mensal devido a cancelamentos ou downgrades de assinaturas.
Ou seja, enquanto o Churn ajuda a entender a retenção ou perda, o MRR Churn oferece uma visão mais direta do impacto financeiro dessas perdas sobre a receita recorrente da empresa.
Na tabela a seguir, confira um resumo dos diferenciais:
Churn |
MRR Churn |
|
Definição |
Taxa de clientes que cancelam ou não renovam |
Perda de receita recorrente mensal devido a cancelamentos ou downgrades |
Foco |
Retenção de clientes |
Impacto financeiro da perda de clientes |
Expressão |
Porcentagem ou número absoluto de clientes perdidos |
Valor monetário da receita perdida |
Importância |
Indica a saúde da base de clientes e a eficácia da retenção |
Reflete diretamente na saúde financeira e no crescimento da empresa |
Embora possa não parecer possível, existe um lado bom quando se observa um alto Churn de clientes.
Mais especificamente, em dois casos é interessante que os times de Vendas, Marketing e Inteligência de Mercado percebam que há um grande percentual de rotatividade.
Entenda a seguir!
Primeiro, é possível que a estratégia comercial tenha focado muito em clientes que usam o produto ou serviço por uma temporada, realizam a tarefa para a qual precisavam e cancelam o contrato ou a assinatura assim que terminarem.
Neste caso, eles não estão saindo porque se sentiram insatisfeitos ou encontraram um produto melhor; simplesmente, não precisam mais.
Além dos clientes dos compradores ocasionais, há também os casos em que uma conta que não faz parte do perfil de cliente ideal deixa de comprar.
Embora sempre seja indigesto perdê-la, não é saudável em médio e longo prazo dedicar tempo e dinheiro com clientes pouco aderentes ao negócio.
Neste caso, é preciso analisar criticamente se as estratégias de Marketing, bem como os esforços de prospecção e vendas estão bem direcionados.
→ Em resumo, nestas duas situações, o Churn de cliente deve servir como um indicativo de que mudanças devem ser feitas. Seja no que diz respeito às expectativas em relação a compradores pontuais ou no caso de fechar negócios com contas inadequadas.
Como você já deve ter notado, um indicador que tem relação direta com o Churn de clientes, nesse caso sendo inversamente proporcional, é a taxa de retenção — a porcentagem de clientes que mantêm relacionamento comercial com o negócio.
Ela é fundamental, pois traz outras perspectivas de análises e performances, tais como:
A taxa de cancelamento de clientes e de retenção trazem importantes associações para avaliar as estratégias do negócio. Elas, aliás, podem ser muito melhor planejadas se forem fundamentadas com dados sobre o negócio, suas interações e mercado.
Agora, feito um estudo detalhado dos motivos que levam os clientes a cancelarem contrato, digamos que a empresa identificou um elevado percentual de perdas por insatisfação ou avanço da concorrência.
O que fazer para prevenir novas baixas?
Um bom caminho é prever quais contas são “candidatas” a engrossar a lista das perdas para, então, traçar estratégias de fidelização.
Afinal, na maioria das organizações B2B, a carteira de clientes já conquistada costuma representar no mínimo 30% da receita mensal, aponta a Act-On Software.
Aqui estão alguns sinais de que uma conta está prestes a entrar para a lista de Churn de clientes:
Prefira sempre focar sua força de vendas em prospects que correspondam ao perfil de cliente ideal da empresa.
Utilize dados demográficos, comportamentais e de sucesso dos clientes atuais para definir esse perfil. Dessa forma, minimiza-se o Churn, pois contas bem selecionadas têm maior probabilidade de obter valor do seu produto ou serviço.
Ademais, implemente processos de qualificação rigorosos nas etapas iniciais da jornada do cliente para garantir que apenas os leads mais promissores sejam convertidos em clientes.
Analise constantemente a carteira de compradores para detectar precocemente sinais de insatisfação ou desengajamento.
Para isso, use ferramentas de CRM e Inteligência de Vendas que agilizam o monitoramento de métricas e indicadores-chave de desempenho e comportamentos de uso.
Esta vigilância permite interações proativas para solucionar problemas antes que eles levem ao Churn. Além disso, facilita o ajuste de ofertas e comunicações com base nas tendências observadas para manter a relevância e satisfação dos clientes.
Capacite seu time com ferramentas e treinamentos em análise de dados.
A habilidade de interpretar grandes volumes de informações permite identificar padrões de comportamento dos clientes e antecipar necessidades. Com esses conhecimentos, pode-se oferecer soluções personalizadas e prevenir o rompimento da relação comercial.
Basicamente, integrar a inteligência de dados nas rotinas diárias assegura que decisões baseadas em evidências se tornem um pilar na estratégia de retenção de clientes.
Aprimore sua capacidade de prever negócios, ajustando continuamente seus modelos com base nos resultados e feedbacks do mercado.
Tenha em mente que a precisão nas previsões ajuda a definir metas realistas e estratégias alinhadas às expectativas do cliente.
Além disso, a análise detalhada dos resultados comerciais fornece insights valiosos sobre o que funciona ou não, permitindo ajustes rápidos nas abordagens de Vendas e Marketing.
Recompense clientes pela continuidade e pelo engajamento.
Para isso, você pode lançar mão de ofertas exclusivas, descontos progressivos e acesso antecipado a novos produtos ou serviços. Paralelamente, manter uma comunicação propositiva, oferecendo constantemente valor adicional.
No detalhe, o programa de fidelidade é um meio de manter diálogo contínuo e relevante. Com isso, aumenta-se a percepção de valor e, consequentemente, diminui-se as taxas de Churn.
Antecipe possíveis razões para o churn realizando análises de pré-mortem. Ou seja, identifique e discuta potenciais pontos de falha no relacionamento com o cliente antes que estes se tornem problemas.
Esta abordagem proativa permite a implementação de soluções preventivas, melhorando a satisfação e a retenção. Além disso, fortalece a estratégia de negócios ao revelar vulnerabilidades e oportunidades de melhoria.
Dê uma olhada neste exemplo de matriz de Pré-Mortem que pode ser útil no contexto de redução de churn em uma empresa B2B:
Potenciais razões para o Churn |
Sinais de alerta |
Ações preventivas |
Indicadores de sucesso |
Desalinhamento com as necessidades do cliente |
Mudanças nos padrões de uso. Feedback negativo sobre a oferta. |
Realizar revisões regulares das necessidades dos compradores. Ajustar produtos e serviços conforme necessário. |
Aumento na satisfação do cliente; redução de feedbacks negativos. |
Falhas na percepção de valor |
Baixo engajamento com o produto/serviço. Consultas sobre alternativas ou concorrentes. |
Melhorar a comunicação do valor. Implementar programas de treinamento para clientes. |
Aumento no uso do produto/serviço; feedback positivo. |
Problemas de suporte |
Reclamações sobre a qualidade do atendimento pós-venda. Atrasos nas respostas. |
Aprimorar a capacidade de responder a chamados ou reclamações nos mais variados canais. Investir em treinamento de equipe. |
Redução nas insatisfações declaradas. Feedback positivo sobre a experiência de suporte. |
Questões técnicas com o produto/serviço |
Relatos de bugs ou falhas; interrupções no serviço. |
Estabelecer uma equipe de resposta rápida para problemas técnicos. Aumentar os investimentos em Garantia de Qualidade (QA). |
Diminuição dos relatos de problemas técnicos. Melhoria na estabilidade do produto/serviço. |
Preço em relação à concorrência |
Comentários sobre custo-benefício. Aumento nas solicitações de descontos. |
Avaliar estrutura de preços. Considerar ajustes ou a introdução de modelos de precificação mais flexíveis. |
Estabilidade na base de clientes. Redução de sensibilidade ao preço. |
Falta de inovação |
Feedback sobre recursos desatualizados ou falta de novidades. Perda de clientes para concorrentes mais inovadores. |
Investir em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Comunicar roadmap de produtos aos clientes. |
Feedback positivo sobre inovações. Retenção de clientes mesmo com avanços da concorrência. |
Reforce o suporte ao cliente, tornando-o cada vez mais acessível e eficiente.
Isso normalmente requer investir em uma equipe bem treinada e em tecnologias que facilitam a interação para resolver problemas e dúvidas rapidamente .
Além disso, estabeleça um sistema robusto de coleta e análise de feedbacks. Dessa forma, é possível aprender com os feedbacks para aprimorar produtos, serviços e processos, adaptando-os continuamente às necessidades e expectativas do mercado.
Acompanhar as variações do Churn de clientes é importante porque, como vimos acima, seu desempenho está ligado a outros pontos relevantes da empresa.
Dentro disso, entender porque os clientes cancelaram suas assinaturas permite coletar feedbacks que podem apontar novos rumos para o negócio. Ou seja, os times de Marketing, Vendas e Inteligência de Mercado podem atualizar suas abordagens, atraindo novos clientes e até reconquistando os antigos.
Além disso, o novo cenário pode gerar uma nova meta de receita para recuperar os investimentos feitos nas melhorias.
Em suma, não se trata de apenas vigiar para que o Churn de clientes esteja sempre dentro do aceitável: essa métrica é fundamental para obter respostas estratégicas sobre o negócio, especialmente quando se trata de pensar e agir com vistas a médio e longo prazo.
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