Os desafios dos executivos para montar times qualificados
O avanço da tecnologia e a necessidade das marcas se adaptarem às mudanças do mercado intensificaram a busca por perfis profissionais que até pouco tempo atrás não existiam ou eram pouco buscadas. Um dos principais desafios encontrados pelas lideranças no complexo desafio de crescimento das empresas tem a ver com a dificuldade de montar equipes qualificadas. Isso porque, embora existam muitas vagas abertas para profissionais com habilidades da era digital, o Brasil ainda sofre com a falta de qualificação, principalmente na área da tecnologia.
A escassez de profissionais que atendam às principais necessidades das empresas fez com que grandes marcas adotassem uma nova estratégia para formar profissionais. Seguindo uma tendência bem-sucedida nos Estados Unidos, na Alemanha e na Áustria, as companhias têm investido em iniciativas próprias de educação. Esse é o caso, por exemplo, do PagSeguro, que lançou recentemente o #Elastech, programa de treinamento em tecnologia exclusivo para mulheres. O projeto é uma parceria com a Gama Academy, escola de capacitação digital que oferece o serviço de academia coorporativa.
Empresas têm investido em formações tecnológicas
O CEO da Gama Academy, Guilherme Junqueira, conta que os cursos mais buscados pelas empresas são os de tecnologia, como desenvolvimento web, além da área de design (UX/UI) e produto, que formam um squad de tecnologia. “A Gama forma todos os meses entre 100 e 200 profissionais na área de tecnologia, isso só para as iniciativas que temos para o B2C. Para o B2B, esse número sobe para entre 400 e 500. São formações patrocinadas para as empresas e, muitas vezes, voltadas para públicos minoritários como PCDs, mulheres, negros e LGBTQIA+.”, explica Junqueira.
Muitas empresas buscam investir na carreira de seus próprios colaboradores, para formar profissionais que atendam as demandas de crescimento da marca. “A personalização dos cursos acontece de acordo com a necessidade da empresa. Se ela busca realizar o upskilling de seus colaboradores, realizamos conversas com gestores e, com base na régua técnica da empresa, construímos um treinamento”, conta.
As habilidades comportamentais também estão em alta e são muito buscadas pelos empregadores. O CEO da Gama Academy salienta que as empresas já entenderam a importância de também investir nas soft skills: “Não basta você formar apenas o profissional tecnicamente, esse profissional trabalha em equipe, precisa ser criativo, precisa exercer a liderança, então, tudo tem que vir em conjunto”.
Panorama das vagas de emprego abertas para a área tech no Brasil
Um estudo realizado pela Cortex com 722 mil oportunidades de emprego abertas em julho nos principais portais de vagas do país corrobora com a afirmação de que as ocupações tecnológicas têm ganhado cada vez mais espaço no país.
O levantamento identificou que pelo menos 14% das oportunidades abertas são para profissões da era digital. A pesquisa mapeou 15 cargos que estão em alta e identificou que há cerca de 100 mil oportunidades abertas para estas ocupações. Somente para os cargos de Desenvolvedor back-end e front-end há mais de 40 mil vagas.
Confira 15 profissões que já estão em alta no mercado:
- Desenvolvedor back-end - 21.802
- Desenvolvedor front-end - 18.680
- Engenheiro de software - 12.870
- Product Manager - 12.005
- Desenvolvedor full-stack - 8.366
- Gestor de mídias sociais - 5.086
- Analista de Business Intelligence - 3.781
- Especialista em machine learning - 3.414
- Engenheiro de dados - 2.928
- Cientista de dados - 2.213
- Scrum master - 2.093
- Gestor de projetos - 2.085
- Desenvolvedor web - 1.551
- Desenvolvedor de banco de dados - 1.476
- DPO (Data Protection Officer) - 1.366
Persuasão e negociação são habilidades mais buscadas por lideranças
Além das habilidades técnicas, a demanda por soft skills também está crescendo. É o que mostra uma pesquisa realizada pela McKinsey, com quase 20 mil pessoas em 15 países no ano passado.
Das 15 habilidades listadas para estarem em alta até 2025 no relatório O Futuro do Trabalho, do Fórum Econômico Mundial (WEF), persuasão e negociação já são as mais procuradas pelas empresas, apontou o estudo realizado pela Cortex.
Em segundo lugar no ranking aparecem as habilidades de pensamento analítico e inovação, seguidas por liderança. Na quarta posição está a programação e, em quinto, resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade.
O vice-presidente de People da Cortex, Bruno Pereira, explica que, cada vez mais, as empresas vão buscar profissionais que tenham essas habilidades.
“A pandemia acelerou o processo de transformação digital. Hoje, as empresas estão à procura de profissionais que dominem habilidades como pensamento analítico, liderança e criatividade, pois entendem a necessidade de ter em seus times pessoas que saibam lidar com os desafios do dia a dia e que busquem soluções inteligentes e ágeis. Por isso, os profissionais que conseguirem dominar algumas dessas habilidades para somá-las ao seu conhecimento técnico, irão se destacar no mercado, já que estarão um passo à frente de seus concorrentes”, afirma Bruno Pereira.
