Depois de dois anos de trabalho remoto, tendência acelerada pela pandemia da Covid-19, empresas de diversos setores se viram diante do desafio de decidir por retomar ou não suas atividades no formato presencial, principalmente após o avanço da vacinação em todas as faixas etárias. Para a Fleishmann Hillard Brasil, agência de comunicação do Grupo In Press, não foi diferente. A empresa colocou seus 54 colaboradores no modelo híbrido.
Para Daniela Farina, Diretora de Atendimento na agência, o trabalho remoto é uma realidade que veio para ficar. “Esse formato permite um equilíbrio maior entre vida pessoal e profissional, possibilitando que o profissional gerencie sua rotina diária em função das obrigações do trabalho e os cuidados com a casa, filhos, tempo para se exercitar, estudar etc. Isso traz mais liberdade e responsabilidade na gestão do tempo, o que, em última instância, resulta em profissionais mais satisfeitos e felizes.”
Daniela avalia que, apesar de o modelo exigir uma boa dose de maturidade e organização, depois de dois anos já foi possível aprender a lidar com os desafios de integrar e gerir o time de forma on-line. “Temos reuniões fixas, pelo menos uma vez por semana, e estamos sempre em contato para resolver questões dos clientes e do nosso dia a dia na agência. A Fleishman organiza um bate-papo semanal para que a equipe possa trocar experiências, com a apresentação de cases e temas de interesse do grupo. No nosso caso, a maior parte do tempo estamos online, mas temos o escritório à disposição se houver a necessidade de reuniões presenciais entre nós ou com os clientes.
A Cortex, líder em inteligência de crescimento e o maior investimento em Big Data e Inteligência Artificial na América Latina, colocou 100% dos seus colaboradores em trabalho remoto. Carolina Ballerini, gerente de People na empresa, explica que, após dois anos, a empresa pôde validar o novo estilo de trabalho e hoje conta com cerca de 30% de seus colaboradores fora do eixo Rio-São Paulo, onde possui escritórios. “Abrimos a possibilidade de contratação de gente boa e capacitada em todos os estados do Brasil e até fora do país.”
Ela conta que, com a flexibilização do isolamento social em 2021, foi identificada a necessidade de ouvir o público interno para analisar como os colaboradores se sentiam em relação ao modelo de trabalho: “A partir daí nós entendemos o remote first como sendo o mais adequado e preferido pelos nossos times”.
O modelo permite que todos os colaboradores trabalhem remotamente, mas oferece a possibilidade de trabalho presencial sem definir dias e horários específicos. Para que isso seja possível, a empresa conta com escritórios no Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Florianópolis, de onde os colaboradores podem trabalhar se assim desejarem.
Modelo remoto é bem avaliado pelos colaboradores
Uma pesquisa divulgada em junho de 2022 pela consultoria de Recursos Humanos Robert Half, apontou o modelo híbrido como tendência para 57% dos 387 entrevistados.
A adoção do novo modelo de trabalho não é benéfica somente para a empresa. Os colaboradores também enxergam nele uma maior liberdade para buscarem por qualidade de vida longe das grandes cidades. Esse é o caso do Marcus Silva, Product Manager na Cortex, que viu no home office a oportunidade perfeita para concretizar um sonho de infância.
“Eu morava em São Paulo e desde pequeno sou apaixonado por Paraty, no Rio. Sempre tive muita vontade de me mudar para cá e durante a pandemia acelerei esse sentimento. A Cortex me ajudou muito nessa decisão por promover uma cultura horizontal e ter optado pelo modelo remote first. Encontrei o momento perfeito para realizar esse projeto de vida.”
Apesar de desejado por muitos trabalhadores, o estudo da Robert Half mostrou também que 33% das empresas devem retomar o modelo presencial integral e apenas 10% permanecerão somente com o modelo home office.
Os dados corroboram com um levantamento feito exclusivamente para o Valor na plataforma de Inteligência de Vendas B2B da Cortex, que mostra que, entre as mais de 722 mil vagas de emprego mapeadas em julho de 2022 nos 15 principais portais de emprego do país, somente 55,7 mil, ou 8% do total, citam o home office na descrição.