Bolhas de informação: tudo que você precisa saber sobre esse fenômeno
As bolhas de informação nada mais são do que grupos de indivíduos se retroalimentando de ideias em espaços virtuais, especialmente nas redes sociais. Elas são resultado da algoritmização da sociabilidade online e têm potencial para gerar consequências ruins a democracias em geral e empresas em específico.
Se sempre existiram falhas de informação, a Era dos Dados tornou esse fenômeno mais acirrado e potencializou suas consequências negativas. Isso porque indivíduos tendem a perder a capacidade de pensar para além da ideologia a qual pertencem seus pares; no extremo, a rivalidade com quem pensa diferente pode transformar-se em violência real.
Há estudiosos que demonstram que bolhas de informação têm sido manipuladas artificialmente para mover cidadãos em direção oposta ao bem comum. Para ampliar o entendimento, um material bastante acessível sobre o tema é o documentário O Dilema das Redes (The Social Dilemma, 2020) disponível na Netflix.
Agora, como se formam as bolhas de informação? E por que as empresas devem estar atentas a elas? Que consequências elas podem ter aos negócios? Tudo isso buscamos responder neste artigo. Continue lendo para entender!
Por que as bolhas de informações são prejudiciais à vida em sociedade
Sempre que se fala em bolhas de informação, quase que instantaneamente se pensa na polarização política que varreu o planeta nos últimos anos. Porém, é difícil dizer se as bolhas se formaram a partir da polarização ou se o fenômeno do “nós contra eles” é que fez com que milhões de indivíduos online se fechassem em caixas de ressonância.
Seja como for, o importante é saber que bolhas informacionais isolam as pessoas das críticas aos seus princípios e posições, tornando o livre exercício intelectual limitado. Isso porque embebidas de uma ideologia única, elas têm a falsa sensação de segurança e autossatisfação — detentoras de “verdades” que os “outros”, inferiores, não alcançam.
Invariavelmente, esse isolamento gera dureza e intolerância que, em médio e longo prazo, têm potencial de prejudicar a vida em sociedade.
Em outras palavras, a tendência é que os indivíduos reforcem estigmatizações e preconceitos, incorram em comportamentos agressivos, entre outras questões que vão contra o exercício saudável da opinião pública — conforme descreve Wendy Rose Gould, articulista da NBC News.
Em suma, podemos caracterizar uma bolha de informação como um ambiente informacional onde os interlocutores não estão abertos ao diálogo com quem pensa diferente. Há nela uma retroalimentação de visões de mundo, de ideias e práticas “incontentáveis”.
Por que as bolhas de informação devem estar no radar das empresas
É importante saber que as bolhas vêm crescendo cada dia mais. Em fóruns de discussão, nos feeds e nas comunidades de redes sociais, em grupos de aplicativos de mensagens, entre outros espaços.
Além disso, muitas vezes, esse fenômeno respinga nas empresas, que podem ser enredadas em polêmicas nas quais nem sempre estão diretamente envolvidas — boatos, detrações intencionais, fake news etc.
Organizações que têm compromissos relacionados ao ESG, ou que navegam por um universo de negócios propenso a crises de imagem, devem estar atentas a essa realidade. Incluindo aquelas cuja marca se posiciona em temas como diversidade e inclusão, como pondera Claudio Bruno, Innovation & Offering Evangelist Director da Cortex Intelligence.
Por outro lado, bolhas de informação podem representar oportunidades para marcas que sabem lidar bem com elas. Ou seja, aquelas que fazem gestão estratégica de reputação, antevendo e prevenindo potenciais crises e trabalhando continuamente para manter a confiança de seus stakeholders.
Elas podem, por exemplo, identificar bolhas informacionais sobre o mercado no qual atuam e, a partir disso, traçar planos de ação. Por exemplo, se aproximando de influenciadores e líderes de pensamento para prover-lhes mensagens em primeira mão — evitando mal-entendidos e fornecendo conhecimento, entre outras iniciativas.
Como lidar estrategicamente com bolhas de informação que possam minar a reputação corporativa
Dado todo este contexto, veja agora algumas maneiras de lidar com bolhas de informação de maneira estratégica:
1. Monitore o que é dito sobre a empresa
Conte com uma plataforma que automatize o monitoramento de mídias para identificar em tempo hábil todas as menções ao seu negócio, produtos e/ou serviços.
2. Fortaleça o posicionamento da marca
Trabalhe para que a maneira como sua empresa se coloca no mercado, inclusive em temas sensíveis, seja bem vista pela opinião pública.
Evitando, por exemplo, que os valores institucionais estejam sujeitos a duplas interpretações ou vulneráveis a manipulações maldosas.
3. Identifique líderes de opinião e estabeleça relacionamento com eles
Conheça as pessoas que têm o poder de movimentar a opinião pública, na imprensa profissional, mas também em ambientes online.
A partir disso, tente aproximar a marca daqueles cuja atuação é ética e bem intencionada.
4. Fortaleça a inteligência de dados
Ampare seus times de Comunicação, Marketing e Relações Públicas com as melhores ferramentas para a realização de suas atividades.
Além disso, certifique-se de garantir que os profissionais desenvolvam habilidades analíticas (descritivas, prescritivas, preditivas etc.) para extrair das soluções tecnológicas os insights que necessitam para uma atuação consultiva, propositiva.
Bolhas de informação: o dilema com o qual as empresas precisam lidar
Efeito “natural” da profusão de vozes proporcionada pela internet, com especial impacto dos algoritmos das redes sociais, as bolhas de informação são uma preocupação global.
Governos, instituições e empresas têm lidado, de alguma maneira, com os impactos gerados pelo fenômeno das ideologias retroalimentadas e quase impenetráveis em ambientes virtuais que reúnem milhares de indivíduos que comungam das mesmas ideias.
Para as organizações que já entenderam o quanto a reputação da marca influencia em seus resultados, estar por dentro desse fenômeno é fundamental.
Mais que isso: é preciso se antecipar às possíveis crises vindas das bolhas informacionais; sob o risco de se ver anos de esforços de geração de confiança sendo derrubados por hashtags impiedosas.
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