Nunca a tecnologia e as eleições estiveram tão próximas.
Em sua primeira corrida presidencial, Obama revolucionou o marketing político ao levar seus eleitores da TV para as mídias sociais. Foi o primeiro presidente norte-americano a usar o Twitter, a fazer um vídeo ao vivo no Facebook e a postar uma foto utilizando um filtro do Snapchat.
Como nos Estados Unidos o voto não é obrigatório, o principal objetivo desta estratégia era engajar o eleitorado, especialmente a parcela mais jovem, e levá-los até as urnas. Além disso, Obama esperava arrecadar fundos para sua campanha e monitorar a opinião pública.
Sua campanha online foi um sucesso: recorde de eleitores compareceram às urnas e Obama não apenas se elegeu em 2008 como foi reeleito em 2012 e ocupou o cargo de presidente até a chegada de Trump, em 2017.
Falando em Donald Trump, ele também construiu grande parte de sua campanha eleitoral por meio das mídias sociais, principalmente o Twitter. Contudo, desde que foi eleito, muito tem se falado sobre o uso de notícias falsas (leia nosso post sobre Fake News) e Bots para influenciar os resultados das eleições.
Em um estudo realizado pela Universidade Nacional da Austrália (que foi divulgado no dia 12 de setembro/2018), afirma que contas de robôs no Twitter foram 2,5 vezes mais influentes que as contas reais, pertencentes a humanos.
Esta pesquisa foi realizada com base em uma amostragem de 6,4 milhões de tweets postados antes, durante e depois de um debate entre Hillary Clinton e Donald Trump, durante sua corrida presidencial.
Se os bots são mais engajados do que humanos nas discussões que ocorrem no ambiente online, isso significa que eles possuem um poder real de impactar a opinião pública. E não estamos falando somente de influência política, mas podem também criar tendências sobre uma infinidade de temas relevantes para a sociedade, promover ou atacar figuras públicas e inflamar ou silenciar debates.
Como é de se esperar, a influência dos bots e das fake news nas eleições deste ano é preocupante. Diversos projetos de lei tramitam no Congresso a fim de coibir a prática, contudo o combate às notícias falsas coloca em risco também a liberdade de expressão, uma vez que poderia ocorrer a censura prévia de informações e as notícias verdadeiras podem também ser coibidas durante o processo.
O presidente do Senado, Eunício Oliveira, disse em junho deste ano: “Essa é uma ameaça que atinge a todos. Em 23 de maio, foi criada a Frente Parlamentar de Combate às Fake News, com adesão de deputados e senadores. Desde dezembro do ano passado, o Conselho de Comunicação do Senado Federal promove discussões sobre fake news e democracia. A partir dessas discussões, determinei ao Conselho que organizasse uma comissão encarregada de elaborar um relatório sobre vários projetos em tramitação no Congresso Nacional que tratassem das notícias falsas“.
Contudo, complementa: “Não se pode, por combater fake news, pôr em risco a liberdade de expressão. O Congresso Nacional não patrocinará qualquer tipo de censura prévia ou cerceamento do direito à liberdade de opinião”.
O Facebook e o WhatsApp também tomaram medidas para evitar a circulação de fake news, a fim de garantir uma interação saudável entre tecnologia e as eleições.
Quanto ao Big Data, tudo indica que vem sendo utilizado com frequência nestas eleições. Os candidatos podem utilizar, além dos dados, técnicas como o Data Mining e Inteligência Artificial (AI) para promover campanhas políticas mais assertivas.
O uso dessas tecnologias permite que seja feita uma segmentação e análise dos perfis dos eleitores, para que assim seja possível direcionar o discurso e acertar em cheio a parcela do público com maior receptividade.
O mapeamento de perfis, assim como na comunicação empresarial, contribui com o desenvolvimento de campanhas mais bem sucedidas, uma vez que torna-se possível orientar discursos para que se adequem às expectativas dos mais diversos tipos de audiência.
O Big Data também pode ser utilizado para a realização de estudos e análises. A segmentação de pessoas (ou empresas) de acordo com os objetivos de cada campanha (ex: região, faixa etária, renda mensal, relacionamentos, etc) ajuda os candidatos a conhecerem melhor o eleitorado.
A tecnologia e as eleições formam um par que não deixará de desistir. Pelo contrário, a interação entre ambas deve ser apenas intensificada ao longos dos anos. Mas espera-se também que, no futuro próximo, existam formas mais eficazes de coibir as implicações negativas desta relação.